- A POESIA LÍRICA
*O amor é expresso como fonte de prazer e sofrimento e a mulher é retratada como um anjo e ao mesmo tempo fonte do pecado, pois desperta o desejo carnal. Além de vário outros temas desde a idealização do amor puro e até quando esse sentimento é tratado com cinismo e ironia passando pelo amante que foi rejeitado pela sua mulher amada.
Minha rica mulatinha,
desvelo e cuidado meu,
eu já fora todo teu,
e tu foras toda minha;
Juro-te, minha vidinha,
se acaso minha qués ser,
que todo me hei de acender
em ser teu amante fino, pois
por ti já perco o tino,
e ando para morrer.
- A POESIA SACRA
A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.
A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lágrimas abertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados.
A vós, pregados pés, por não deixar-me,
A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me
A vós, lado patente, quero unir-me,
A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.
- A POESIA SATÍRICA
Foram os poemas satíricos que deram fama ao poeta baiano, chegando mesmo a causar o seu degredo para Angola, em 1964. O "Boca do Inferno" não perdoava ninguém: ricos e pobres, negros, brancos e mulatos, padres, freiras, autoridades civis e religiosas, amigos e inimigos, todos, enfim, eram objeto de sua "lira maldizente".
O governador Câmara Coutinho, por exemplo, foi assim retratado:
Nariz de embono
com tal sacada,
que entra na escada
duas horas primeiro
que seu dono.
Fonte: http://llfeioleituras.blogspot.com.br/2012/05/lirismo-e-satira-de-gregorio-de-matos.html
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