No séc. XVII, o ser humano vive em confilto, atormentado por dúvidas existenciais, dividido entre uma postura racional e humanista e uma existencia assombrada pela culpa religiosa. Conheça agora como o Barroco representou esse tempo de instabilidade e incerteza.

sábado, 26 de janeiro de 2013

O Primeiro Grande Poeta

Gregório de Matos teve sólida formação cultural. Estudante de Direito em Coimbra, lá entrou em contato com as perspectiva humanista que incentivava a leitura dos autores clássicos.Ele seguiu os ensinamentos aprendidos com esses mestres literários em sua obra. Tornou-se conhecido por sua poesia lírica, sacra e satírica.

  • A POESIA LÍRICA
A lírica amorosa de Gregório de Matos retoma temas clássicos, como a oposição entre espírito e matéria, para desenvolver sua poesia.

*O amor é expresso como fonte de prazer e sofrimento e a mulher é retratada como um anjo e ao mesmo tempo fonte do pecado, pois desperta o desejo carnal. Além de vário outros temas desde a idealização do amor puro e até quando esse sentimento é tratado com cinismo e ironia passando pelo amante que foi rejeitado pela sua mulher amada.

Minha rica mulatinha, 
desvelo e cuidado meu, 
eu já fora todo teu, 
e tu foras toda minha;
Juro-te, minha vidinha, 
se acaso minha qués ser,
que todo me hei de acender 
em ser teu amante fino, pois 
por ti já perco o tino, 
e ando para morrer.

  • A POESIA SACRA 
O que sobressai, na poesia sacra de Gregório de Matos, é o senso de pecado, a constatação da fragilidade humana e o temor diante da morte da condenação eterna. Essa faceta de pecador arrependido aparece nos poemas compostos na fase final de sua vida, já que, na juventude, o poeta fez várias composições que desafiavam o poder divino.

A vós correndo vou, braços sagrados, 
Nessa cruz sacrossanta descobertos 
Que, para receber-me, estais abertos, 
E, por não castigar-me, estais cravados. 

A vós, divinos olhos, eclipsados 

De tanto sangue e lágrimas abertos, 
Pois, para perdoar-me, estais despertos, 
E, por não condenar-me, estais fechados. 

A vós, pregados pés, por não deixar-me, 
A vós, sangue vertido, para ungir-me, 
A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me 

A vós, lado patente, quero unir-me, 
A vós, cravos preciosos, quero atar-me, 
Para ficar unido, atado e firme.

  • A POESIA SATÍRICA
Foram os poemas satíricos que deram fama ao poeta baiano, chegando mesmo a causar o seu degredo para Angola, em 1964. O "Boca do Inferno" não perdoava ninguém: ricos e pobres, negros, brancos e mulatos, padres, freiras, autoridades civis e religiosas, amigos e inimigos, todos, enfim, eram objeto de sua "lira maldizente".

O governador Câmara Coutinho, por exemplo, foi assim retratado:

Nariz de embono
com tal sacada,
que entra na escada
duas horas primeiro
que seu dono.


Fonte: http://llfeioleituras.blogspot.com.br/2012/05/lirismo-e-satira-de-gregorio-de-matos.html

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